Victoriana

A Arte de comer bem sempre foi comum na minha família. Todo domingo, desde a infância, visitava minha avó paterna e tios com os meus pais, onde numa grande mesa, toda a família se reunia em longos almoços com muita troca de pratos diversos. Minhas tias se encarregavam das massas e carnes e meu tio-avô dos doces que negava aos insistentes pedidos de receita com sua simpática maneira de dizer como 'é muito difícil fazê-los'. Numa de suas últimas viagens à Itália, talvez pensando ser a última, me deixou a receita.

Anos antes, este meu tio-avô tinha uma fábrica de doces e chocolate chamada Chocolates Brasil com o meu avô, pai de meu pai. Não conheci esta fábrica nem meu avô que morreu antes de eu nascer.

Do lado materno, há a minha mãe, que igualmente a minha avó e provavelmente todos os seus ascendentes, faz doces e salgados que chamam a atenção pela riqueza de sabores e, ironicamente não acredita que seja verdade os gemidos e elogios de quem os experimenta.

Nunca conheci lugar nenhum onde se come melhor que em casa e poucos são os privilegiados que experimentam. Mesmo assim, nenhum dos grandes cozinheiros tiveram a comida como profissão, sempre foram amantes, mesmo sem saberem, da Arte da boa comida. Mesmo meu tio-avô que tinha um vinhedo no sul da Itália, fazia um bom vinho tinto e seco apenas para consumo da família e amigos.

Eu cresci assim, me acostumando a ter quase diariamente pães e tortas, bolos e biscoitos que dificilmente se repetiam, em receitas que se faziam de improviso por quem detinha a Arte de saber misturar os ingredientes. Aprendi que a cozinha é a área principal da casa.

Este blog é dedicado a este grande prazer tão importante e especial na minha história.

Paulo RT
(fotógrafo)